Em informática, como na vida real, muitas coisas existem por fatores históricos. Surgem, tem sua função e depois quase desaparecem. Assim, por não ser algo rotineiro, acabam provocando estranhamentos, risos e depertando curiosidade quando reaparecem.
Um caso interessante é uma função quase desconhecida embutida no Word, que reproduz uma determinada frase estranha. Nem mesmo no menu Ajuda do programa você encontra detalhes. Funciona assim: você abre o Word, digita =rand() e aperta o enter.
Na sua frente, do nada e imediatamente, surge 15 vezes a frase “A ligeira raposa marrom ataca o cão preguiçoso.” (desde que seu Word seja em português). E se você quiser preencher várias e várias páginas com esta mesma frase, basta digitar =rand(100,50) e apertar o enter. Você obterá a mesma frase repetida 100 vezes em 50 parágrafos de texto, usando mais de 55 páginas de texto. Você comandou o programa a gerar 50 parágrafos com 100 sentenças em cada uma.
Mas para que isso existe? O que tem a raposa a ver com o cão no Word? E o que faz esta “raposa atacar o pobre cão” quando você digita isso? Qual a finalidade desta função? Seria apenas uma brincadeira da equipe de criação do programa?
Nada disso. A frase original é “THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG.”, tudo em maiúsculas mesmo. Nesta frase você encontra todas as letras do alfabeto (incluindo as letras K, Y e W que retornarão ao nosso alfabeto na próxima reforma ortográfica). Pode conferir, de A a Z, estão todas aí.
Esta frase era muito usada para verificar se todas as letras do alfabeto estavam sendo corretamente impressas, tanto em impressoras matriciais como impressoras de tipo móvel. Em impressoras laser ou jato de tinta, isso perdeu a finalidade. Ao imprimir isso várias vezes, era fácil ler a frase e confirmar que tudo estava sendo impresso corretamente (há mais alguns símbolos que precisam entrar na lista para confirmar o funcionamento perfeito do dispositivo, mas isto é apenas um detalhe).
O Word incorporou esta facilidade, permitindo que, com uma pequena função, o técnico pudesse gerar a frase n vezes. O que “estragou” foi a tradução. Ao sair do inglês e ganhar traduções, esta frase não serve para muita coisa. Nem mesmo para alertar o cão sobre o ataque. Vale apenas como uma curiosidade.